Café Antropologico exibe filme "Em Busca de Um Lugar comum" de Felippe Schultz Mussel
Quando: 14 Maio 2014, quarta-feira, às 20 horas
Onde: Casa Das Máquinas Endereço: Praça Bento Silvério - Lagoa da Conceição Quanto: Gratuito Evento no FB: www.facebook.com/events/1420470784889256 Felippe Schultz Mussel, Brasil, 2012. Debatedora: Dra. Margarita Barreto Inspirando-se no trabalho da socióloga Bianca Freire-Medeiros sobre o consumo da favela como mercadoria turística, Mussel levou sua câmera a doze tours na Rocinha, talvez a mais visitada de todas as favelas; e acompanhou a inspeção de uma agência a Cidade de Deus, numa tentativa de se criar passeios “pioneiros” por lá. Sou bem suspeito para falar do assunto, porque acompanho o trabalho da Bianca há muito tempo e tenho alguns artigos com ela – um sobre o Alemão, no forno –, mas acho que inegavelmente o filme é sensacional, porque o diretor fez opções muito inteligentes. Em exibição com debate na FGV-Rio, Mussel disse ter se interessado nas narrativas sobre a favela, tentando não fazer pré-julgamento dos tours, frequentados majoritariamente por turistas europeus. Para isso, ele posiciona sua câmera como participante dos passeios – como um gringo – e assistimos as falas dos guias e suas interações com os turistas e moradores, inclusive aqueles que fabricam artesanato “primitivo”. Há pouco filtro e assim com facilidade se revela o emaranhado de representações a que a favela está submetida e sua apropriação constante por todos os envolvidos. Constrangimentos são registrados, como o guia que relaciona a capoeira com a origem d a Rocinha ou o outro que em Cidade de Deus elogia crianças sendo treinadas para cantar saudações à polícia pacificadora e diz que determinada escola já é “histórica” e “uma atração turística” por "Obama ter passado ali ao invés de ter ido a Copacabana, o maior cartão-postal do Brasil”. No entanto o filme é muito mais esperto que uma sobreposição de situações vexatórias. O diretor fez amizade com os turistas estrangeiros nos passeios e pediu para que lhe entregassem cópia do conteúdo nas câmeras que carregavam. Sortudo, Mussel levou junto com as imagens do passeio os vídeos e fotos das viagens imediatamente anteriores de muitos deles, que nos são exibidas. É aí que entendemos que seu filme antes de ser sobre turismo na favela é sobre o turismo em si. Vamos descobrir que a Rocinha e muitas vezes a própria cidade do Rio de Janeiro são apenas uma rápida passagem de uma longa viagem: determinada família esteve antes dançando com índios da Amazônia, uma jovem em Ouro Preto, um senhor em Salvador e um casal viajado no Japão e Jerusalém (ou seria Istambul?). Em todos os casos, fica claro o quanto o turismo virou uma atividade próxima ao consumo de fast food, e o quanto a mentalidade europeia persiste sendo aquela que enquadra o outro com uma moldura de exotismo geo-historicamente reproduzida. Nesse sentido, os índios da Amazônia e o emaranhado de fios de eletricidade que segundo um guia “são caóticos, mas funcionam, como a favela” têm o mesmíssimo significado. Debatedora: MARGARITA BARRETO Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, SP e tem pos doutorado em Antropologia Social. Pesquisadora do CNPq. Seus temas de pesquisa sempre tem sido o turismo como fenômeno social, e o patrimônio. Tem vários livros escritos/organizados assim como e-books publicados no Brasil, Argentina e Espanha. Professora no Programa de Pós Graduação em Administração da Fundação Universidade Regional de Blumenau e Professora visitante no Programa de Pós graduação e em Aquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina. Professora de cursos de pós graduação na República Argentina. |
|
Categorias: Maio 2014
|
Deixe seu comentário! |
Publicações relacionadas: