Quando: de 13 a 16 de fevereiro
Onde: Santo Antônio de Lisboa
Quanto: Gratuito

Assim como tantos outros blocos de carnaval, o Baiacu de Alguém queria ter um nome que tivesse a ver com a culinária, mas também que traduzisse a forma irreverente como eles viam a festa e que tivesse a ver com as coisas da ilha. Com tanta gente pensando, saiu o baiacu, peixe rejeitado das redes de pescadores, porque ninguém quer comer. Mas o baiacu sozinho não dava enredo. O berbigão é do Boca, o bacalhau é do Batata, os filhos são de Gandhi, e ninguém conseguia decidir de quem seria o baiacu. Por fim, acabou que o baiacu tinha de ser de alguém mesmo.

São 23 anos desde que o Baiacu de Alguém reuniu cerca de quarenta pessoas que saiam de camiseta verde-limão no Bloco dos Sujos ao redor da Praça 15, no Centro de Floripa. Hoje são 400 foliões, fora os 100 integrantes da bateria que começam a se reunir para os ensaios dois meses antes do carnaval. Desde que foi acolhido pelo distrito de Santo Antônio de Lisboa, em 1999, o bloco cresceu e a sede passou a ser no clube Avante. Lá virou Associação Cultural e tem baiacuzado não só no carnaval, mas durante todo o ano, oferecendo oficinas de arte para a comunidade, sempre em parceria com outros grupos como a Associação de Moradores de Santo Antônio de Lisboa, do Sambaqui e da Barra do Sambaqui.

A coordenadora do bloco, Daniela Ribeiro Schneider, foi uma das fundadoras do Baiacu e acompanhou toda a história, desde que ela e um grupo de amigos, estudantes da UFSC, resolveram fazer uma camiseta verde-limão para fugir do tradicional dos Sujos, homem se veste de mulher e mulher se veste de homem. "O bloco nasceu por diversão e é assim que ele se mantém. Não queremos virar escola, nem competir”, diz Daniela.

Esse espírito de brincadeira faz parte da forma como o bloco se mantém. São todos voluntários, estão ali porque se divertem. As decisões sobre o enredo e até a composição das músicas são feitas em grupo. Para o músico Jackson Cardoso, que canta no bloco desde 2006 no carro de som que percorre a rua Cônego Serpa todo ano em fevereiro, essa é a característica mais marcante e que o fez se sentir em casa. "Depois que se está no grupo, o ‘meu’ não existe mais”.

O bloco não é bairrista, acolhe gente de todos os bairros de Floripa, do sul ao norte e também faz parceria com outros blocos, como o Paraíso do Porto da Lagoa e o Engenho de Dentro. E faz questão de manter as tradições no carnaval, além das lendas da ilha, com os bonecos gigantes da Maricota e do boi de mamão em meio a outros produzidos durante o ano nas oficinas.

Daniela ainda destaca como ponto forte do Baiacu a valorização das marchinhas tradicionais, do samba de raiz, a preservação da cultura local e a bateria formada por gente da comunidade e de outros bairros, inclusive crianças, que aprendem a tocar nas oficinas da Associação. "Temos como princípio não buscar patrocínio privado, somente o apoio do município para a organização da festa”, orgulha-se Daniela.

Os temas de cada ano e as letras dos sambas repletos de crítica social e sátiras atuais bem humoradas são também característica sempre presente. "Estou perdido, desesperado! Passei o ano todo engarrafado. Quero relaxar, mas vai tudo mal, 50 andares lá na Ponta do Coral”, satiriza o samba de 2013, já prevendo a situação atual da Ponta do Coral.

Nesse ano, o enredo "Baiacu sem Preconceito”, vai tocar nas ruas de Santo Antônio nos dias 13, sexta, e 16, segunda de carnaval, às 23hs. Antes do desfile tem esquenta e concentração a partir das 20hs na sede do bloco, após o desfile tem o animadíssimo baile de carnaval também na sede, na Rua Padre Lourenço R. de Andrade, 650.

Confira a programação:

Sexta-feira, 13/02
19h - Abertura
23h – Bloco Baiacu de Alguém
2h – Encerramento

Sábado, 14/02
16h – Abertura
20h – Maracatu T amboritá (10 anos)
21h – Maracatu Arrasta a Ilha
22h – Orquestra do Bion
23h – Trio Elétrico do Gazú
2h – Encerramento

Domingo, 15/02
16h – Baile Infantil (salão do Avante) com a banda Toni Sara
20h - Encerramento

Segunda, 16/02
19h – Abertura
23h – Bloco Baiacu de Alguém
24h – Baile Público
2h – Encerramento