Exposição Fotográfica "Lugar Abandono", do cineasta Marco Martins
Quando: até 20 de dezembro
Onde: Espaço Cultural BRDE Endereço: Avenida Hercílio Luz, 617 - Centro Quanto: Gratuito Evento no FB: www.facebook.com/events/2141394012753198 Abertura 28 de novembro, às 19h Visitação até 20 de dezembro, das 9h às 19h Autor do clássico The Image of the City (1960), o escritor e urbanista norte-americano Kevin Lynch (1918-1984) dizia que as casas abandonadas constituíam uma das mais poderosas imagens das metrópoles por ser ali, naquele vazio, que o futuro da própria cidade poderia se construir. E o abandono, o resíduo, a ruína como possibilidade de reconstrução da imagem e da paisagem é o objeto da exposição fotográfica Lugar Abandono, que o cineasta Marco Martins abre no próximo dia 28 de novembro, às 19h, no Espaço Cultural Governador Celso Ramos do BRDE. A exposição deveria ter sido realizada no último dia 4 de novembro, na Galeria Municipal Pedro Paulo Vechietti, mas acabou sendo suspensa. Projeto - Vencedor do Edital Elisabete Anderle, o projeto Lugar Abandono, realizado pela Vinil Filmes, surgiu por acaso, quando certo dia, ao sair da produtora da qual é sócio, na Rua Anita Garibaldi, no centro de Florianópolis, o cineasta se deparou com um saco plástico entreaberto jogado na calçada, certamente ali colocado para ser recolhido como lixo. Dentro dele, percebeu Marco, havia dezenas de pequenas caixas com a logomarca da Kodak. Crente de que eram cartuchos de filme super-8, Marco se ajoelhou e se deu conta de que eram filmes fotográficos das décadas de 1970 e 1980, todos vencidos, mas virgens. Recolhendo o material até sua casa, Marco fez um inventário do que havia encontrado. Eram cinco tipos de negativos: 10 filmes Orwo Panchromatic 135-36, PB, fabricados na Alemanha; 18 filmes Kodak Verichrome pan 126-20, PB; 5 filmes Kodak Kodacolor 110, color, fabricados no México; 17 filmes 3M 126-24, color, fabricados na Itália; e 3 filmes Kodak Kodacolor 110, PB, fabricados em USA. A partir daí, Marco iniciou uma jornada de pesquisa. Testou alguns dos filmes e, ao apreciar os resultados inusitados das revelações, viu-se mergulhado num processo de criação extremamente acidental: o resultado impresso na película já não dependia exclusivamente do fotógrafo, da luz e do objeto. O tempo (e a consequente degradação do negativo) havia se tornado o principal agente no processo de construção pictórica: uma linda estação de trem simplesmente não foi registrada pelo fotograma; o homem no restaurante olhando para a câmera já não era um homem, mas apenas um olho recortado pela luz no meio da escuridão. A casualidade foi assumida, então, como elemento primordial na criação das imagens. Com o projeto premiado pelo edital Elisabete Anderle, Marco Martins e sua mulher, a também cineasta Loli Menezes (atuando como produtora), pegaram o que restou dos 53 filmes e realizaram uma viagem pelo interior de Santa Catarina (e também pelo interior da Ilha de Santa Catarina), fotografando (e também filmando) prédios em ruínas, casas vazias, fábricas esquecidas pelo tempo, cemitérios de automóveis, empreendimentos largados ao meio. O resultado da viagem pode ser conferido nas 25 fotos ampliadas que compõem a exposição Lugar Abandono, até o dia 20 de dezembro, com entrada franca. Depoimento Marco Martins: “Lugar Abandono é a minha primeira exposição fotográfica. Não me considero um fotógrafo profissional, das imagens estáticas. Sou um cineasta. Trabalho com a imagem em movimento, faço cinema de ficção, documentário, lido com atores, equipes, entrevistados, cenários, figurinos... existe um trabalho descomunal, coletivo e complexo entre ter a ideia e ver a obra concluída. No ofício do fotógrafo, existem alguns atalhos no processo, pois as decisões que envolvem o clicar estão destinadas a uma única pessoa. Essa pessoa olha para os lados, aponta a câmera, enquadra e clica. Eis a obra. A pintura. Aqui já estou falando de Lugar Abandono. Não estou filosofando sobre fotografia de moda ou de comerciais impressos. Estou falando de arte e de registrar o tempo e o lugar em que vivo. Escombros, ruínas e esquecimento. Para sempre na memória.” Depoimento Loli Menezes: “Quando Marco chegou em casa com uma sacola cheia de filmes fotográficos vencidos, parecia que trazia um tesouro encontrado em um baú, enterrado por piratas. Eu logo sugeri a ele que fizéssemos um projeto para fotografar e expor esses filmes. Primeiro vieram os testes, uma viagem à Santa Maria, um aniversário na Lagoa do Peri, um passeio na Av. Beira-Mar com a nossa filha e minha avó. Na revelação a surpresa: um misto de memória, degradação, um tempo passado num momento presente. A partir daí resolvemos elaborar um projeto que remetesse ao abandono e, então, Lugar Abandono nasceu, do lixo para as paredes de uma galeria." |
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Categorias: Dezembro 2016 Tags:
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