Bloomsday homenageia as vozes femininas em Ulisses e Finnegans Wake no MIS
Quando: 16 Junho 2017, sexta-feira, das 19h às 22h
Onde: Centro Integrado de Cultura (CIC) Endereço: Av. Governador Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica Quanto: Gratuito Evento no FB: www.facebook.com/events/1128038387339988 No dia 16 de junho, a partir das 19h, o Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC), em parceria com o Departamento de Artes e a Secretaria de Cultura e Artes (SeCArte) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), receberá diversas intervenções artísticas, videográficas e web comemorando o Bloomsday, ou o Dia de Bloom, uma festa em homenagem ao célebre romance Ulisses, do escritor irlandês James Joyce (1882 -1942). Bloom é uma referência ao sobrenome da personagem central da trama, o angariador de anúncios de jornal, Leopold Bloom, que passa o dia caminhando pelas ruas de Dublin, capital da Irlanda. O Bloomsday 2017 de Florianópolis será dedicado às duas grandes heroínas do escritor irlandês: Molly Bloom e Anna Livia, as quais serão interpretadas por mulheres do Coletivo Kurima e do Coletivo NEGA, grupos ativistas dos direitos das mulheres negras, e alunos e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Haverá, ainda, intervenções artísticas e videográficas, com o Duo Strangloscope, Rodrigo Ramos, Donny Correia, Camille Malderez e Clélia Mello, além de apresentações de integrantes da Elefants Companhia de Teatro e projeções do Cine Paredão, entre outras atividades. Neste ano, Florianópolis, São Paulo e Dublin estarão conectados via streaming, com transmissão ao vivo pelo facebook da SeCArte. O evento que ocorrerá no MIS/SC, em Florianópolis, será o cenário da comemoração de São Paulo, que acontecerá na Casa Guilherme de Almeida, e vice-versa. Dirce e o Sergio transmitirão também diretamente de Dublin, que, desse modo, estará integrada ao evento. A organização do evento é de Clelia Mello, Dirce Waltrick do Amarante e Sergio Medeiros. Sobre o Bloomsday O Dia de Bloom poderia ser também, numa leitura que agora propomos, uma homenagem a Marion/Molly Bloom, mulher do protagonista do romance que no dia 16 de junho de 1904 , data em que transcorre o enredo, permanece na cama à espera de seu marido. Porém, Molly Bloom não é uma mulher submissa: ela tem uma carreira como cantora lírica, além de ser mãe, amante e dona de casa pouco convencional para a época. Cabe lembrar que seu café da manhã é preparado e servido na cama por Leopold Bloom. Em Ulisses, Molly, que simboliza a mãe mitológica, é ainda quem dá a “última palavra”, literalmente, pois encerra o livro com um grande monólogo. Sobretudo, Molly é a mulher do “sim”, palavra que Joyce associa à recusa de conflito: “eu queria dizer sim minha flor da montanha e primeiro eu pus meus braços a sua volta sem e o arrastei para baixo sobre mim para que ele pudesse sentir meus seios todos perfume sim e seu coração disparou como louco e sim eu disse sim eu quero Sim”. Afirmam os estudiosos que, se Ulisses é o romance do dia, Finnegans Wake, outra obra-prima de Joyce, é o romance da noite. Muitos veem o segundo, por conta disso, como a continuação do primeiro: Molly Bloom adormece e, em sonho, transforma-se em Anna Livia, ou em todas as figuras femininas do Wake. Como Molly Bloom, heroína do romance Ulisses, Anna Livia Plurabelle também poderia ser considerada “a louca mulherzinha” do sim – “his wee follyo” [FW 197]: “Sim. Me leve junto, popai, como você fazia de cá pra lá na feira de brinquedos! Seu vissee ele caindo sobre mim agora sob as asas abertas como se ele tivesse vindo de Ankangelus, eu afundaria eu apagaria sobre seus pés, delicadamente debilmente, só pra lavá-los. Sim, mennina”. Em Finnegans Wake, Anna Livia seria a mulher e o símbolo da Irlanda e ambas – mulher e nação – teriam sido vítimas da autoridade patriarcal e colonizadora. A questão feminina é um tópico crucial dentro do discurso pós-colonial, uma vez que tanto o patriarcado quanto o imperialismo podem ser entendidos como formas análogas de dominação sobre aqueles que eles julgam inferiores. As políticas feministas e pós-coloniais se opõem a tal dominação, no discurso e na prática. Da mesma forma, o feminismo, assim como o pós-colonialismo, se preocupa com a formação de uma identidade e com a construção de uma subjetividade. E é esse o tema que Joyce, em seus dois romances, traz à ao dar voz às mulheres. |
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Categorias: Junho 2017
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