Espetáculo musical gratuito Aquarela do Contestado, do folclorista Vicente Telles
Quando: 4 e 5 de março
Onde: Teatro Governador Pedro Ivo Endereço: Rodovia SC 401, 4600 - Saco Grande Quanto: Gratuito Evento no FB: www.facebook.com/events/209159242822614 Aquarela do Contestado, mais recente obra do pesquisador, folclorista e músico catarinense Vicente Telles, sai do papel para virar um espetáculo com estréia marcada em duas sessões com entrada gratuita nos dias 4 e 5 de março, no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis, sábado às 20h30 e domingo às 20h. Ingressos disponíveis para retirada a partir do dia 22 de fevereiro. Entrada GRATUITA, sendo dois ingressos por pessoas, mediante retirada nas bilheterias dos Teatros Pedro Ivo, Álvaro de Carvalho (TAC) e do Centro Integrado de Cultura (CIC). Com direção de musical de Guinha Ramires, Aquarela do Contestado foi composta por Vicente em parceria com filho, músico, produtor musical e pianista Vicente de Paula Telles e traz nas vozes a cantora e nora Nancy Lima. Nos últimos 40 anos, Vicente Telles, 85, tem dedicado a vida à missão de tirar das sombras parte ainda sepulcra do legado da Guerra do Contestado (1912-1914), mais precisamente do povo caboclo: os “vencidos” daquele que foi o maior conflito bélico ocorrido no Brasil. Na colheita de relatos e histórias de remanescentes e descendentes construiu um peculiar e rico cabedal memorial que se traduziu em textos, palestras e na música. O projeto ganhou forma ainda em 2016, pelo estímulo do jornalista e pesquisador Moacir Pereira, autor do livro Vicente Telles: O Mensageiro do Contestado (Editora Insular, 2016). A adaptação para os palcos ganhou o reforço do instrumentista e compositor Guinha Ramires na direção musical, da Hedra Rockenbach na direção de palco e som, do ator e diretor Nazareno Silva no roteiro, e do músico e produtor Nani Lobo na produção musical. A produção geral ficou a cargo da Orth Produções e tem o apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esportes. Nascido em Irani e neto de um caboclo que combateu ao lado do Exército Encantado liderado pelo monge José Maria, Vicente compôs a sua aquarela te ndo como cenário a batalha que desencadeou a guerra, em 22 de setembro de 1912. Ocasião em que os caboclos impuseram uma sangrenta derrota aos soldados comandados pelo coronel João Gualberto. O palco da Batalha do Irani se avizinha a menos de um quilômetro da residência de Vicente Telles e lá ainda repousam os restos mortais dos caboclos e do monge José Maria. Foi o estopim de um conflito marcado pela sua complexidade: da discussão dos novos limites geográficos entre Santa Catarina e Paraná, a sanha por poder dos coronéis e líderes políticos locais e a chegada da Estrada de Ferro Brasil-Rio Grande e a companhia norte-americana Southern Brazil Lumber Southern Brazil Lumber & Colonization Company, ambas controladas pelo magnata nova-iorquino Percival Farquhar. A população cabocla, até então dedicada à cultura de subsistência e à exploração da erva mate, se viu à margem do processo, ou melhor, expulsa de suas terras, marginalizada e perseguida. Em sua missão histórica, Vicente Telles percorreu toda a região do conflito que, em seus quatro anos deixou um saldo de aproximadamente oito mil mortos. Munido do seu acordeão, ele venceu o silêncio daqueles que ainda temiam, décadas depois, de falar sobre os episódios. Em suas canções, traz a tragédia humana da guerra, mas exalta o espírito solidário dos caboclos, seu modo de vida simples e denuncia as injustiças sofridas por eles. Em suas palavras, o Contestado foi maior que a Guerra de Canudos, porém, só não teve a sua dimensão literária e histórica reconhecida porque à época “não havia um Euclides da Cunha”. “Uma guerra pressupõe equiparação de forças e no Contestado não foi o que aconteceu. Foi o potencial bélico da República contra maltrapilhos, homens e mulheres famintos. Rigorosamente não foi guerra. Foi um genocídio!”, diz o folclorista. Com o mesmo acordeão que desbravou memórias, Vicente decanta uma trova poderosa, calçada no seu magnetismo e na dramaticidade das h istórias que já lhe renderam a alcunha de “o Quarto Monge do Contestado”. É o que o próprio chama de “a voz do sangue” e que dá vida a sua aquarela musical, carregada de lirismo e que se funde aos ritmos da época e aos costumes da gente cabocla: o chamamé, o vanerão, o xote e o bugio. Personagens fictícios e históricos se fundem em jogos de sombras, projeções e luz em Aquarela do Contestado. À frente do trio familiar e acompanhado por um conjunto de sopros, percussão e cordas, Vicente Telles narra a história de uma família cabocla (mãe, pai e filho) tragada para a tragédia da guerra. Drama esse que ainda ecoa nos tempos atuais no Brasil e no mundo: dos conflitos sociais e pela terra, das guerras, do êxodo de refugiados. Se em uma guerra a primeira vítima é a verdade, o tempo se encarrega de conferir a Vicente Telles e a sua Aquarela do Contestado o poder de fazer justiça histórica. “Minha música é movida pela dor. Em minhas composições, trabalho artesanalmente com palavras e notas musicais que nascem do sentimento histórico de nossa aldeia contestada”, define o mensageiro Vicente Telles. FICHA TÉCNICA Narrações, acordeon, gaita ponto – Vicente Telles Cantora – Nancy Lima Arranjos, piano, teclados – Vicente de Paulo Direção Musical - Guinha Ramires Produção Musical - Nani Lobo Confecção de silhuetas e sombras - César Rossi Roteiro - Hedra Rockenbach e Nazareno Pereira Direção de Cena – Hedra Rockenbach e Nazareno Pereira Iluminação - Hedra Rockenbach Direção de palco - Hedra Rockenbach Direção de produção – Eveline Orth |
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Categorias: Março 2017 Tags:
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